Wednesday, December 28, 2005

dia 54. post 2

"It ought to make us feel ashamed when we talk like we know what we're talking about when we talk about love"

[Autor desconhecido (por mim), 2005]

Tuesday, December 20, 2005

dia 52. post 1

plat du jour

P: いまなんじですお。
S: ろくじです。
P: てうきようはいまなんじですか。
S: はちじです。
P: ごごはちじですか。
S: ええ、そうごす。とうきようはいまよくです


A: すみません、なんじですか。
B: にじです。
A: ありがてございます。
B: どういたしまして。

Friday, December 16, 2005

dia 51. post 2

L'arte imita se stessa
[Piazzola - Duilio López]

dia 51. post 1

Plat du jour

[Cuatro Estaciones Porteñas - Astor Piazzola]

Thursday, December 15, 2005

dia 50. post 4

post "às vezes até me esqueço das maravilhosas possibilidades de uma ligação web"

hoje à tarde: um belo passeio pelo meu museu favorito.

dia 50. post 3

(...)
Con le barche dell' alba
spiega la luce le sue grandi vele
e trova stanza in cuore la speranza
(...)

le cose che non chiedono
ormai che di durare, di persistere
contente dell'infinita fatica;
un crollo di pietrame che dal cielo
s'inabissa alle prode...

Nella sera distesa appena, s'ode
un ululo di corni, uno sfacelo.

[Clivo, Eugenio Montale]

dia 50. post 2

[L'angelus, 1859 - Jean François Millet]

(dedicado à minha irmã, que me desancará quando souber que foi mencionada no meu blog! :)

dia 50. post 1

« E gritava:
- Ana Vaqueira! Um copo de água, bem lavado, da fonte velha!
Pulei, imediatamente divertido:
- Oh, Jacinto! E as águas carbonatadas? e as fosfatadas? e as esterilizadas? e as sódicas?...
O meu Príncipe atirou os ombros com um desdém soberbo. E aclamou a aparição de um grande copo, todo embaciado pela frescura nevada da água refulgente, que uma bela moça trazia num prato. Eu admirei sobretudo a moça...Que olhos, de um negro tão líquido e sério! No andar, no quebrar da cinta, que harmonia e que graça de ninfa latina!
E apenas pela porta desaparecera a esplêndida aparição:
- Oh, Jacinto, eu daqui a um instante também quero água! E se compete a esta rapariga trazer as coisas, eu, de cinco em cinco minutos, quero uma coisa!...Que olhos, que corpo...Caramba, menino! Eis a poedia, toda viva, da serra...
O meu Príncipe sorria, com sinceridade:
- Não! Não nos iludamos, Zé Fernandes, nem façamos Arcádia! É uma bela moça, mas uma bruta...Não há ali mais poesia, nem mais sensibilidade, nem mesmo mais beleza do que numa linda vaca turina. Merece o seu nome de Ana Vaqueira. Trabalha bem, digere bem, concebe bem. Para isso a fez a Natureza, assim sã e rija; e ela cumpre. O marida todavia não parece contente, porque a desanca. Também é um belo bruto... Não, meu filho, a serra é maravilhosa e muito grato lhe estou....Mas temos aqui a fêmea em toda a sua animalidade e o macho em todo o seu egoísmo...São porém verdadeiros, genuinamente verdadeiros! E esta verdade, Zé Fernandes, é para mim um repouso.»

[A cidade e as serras, 1901 - Eça de Queiroz]

Wednesday, December 14, 2005

dia 49. post 1

moderar ou não moderar, eis a questão
Caríssimos leitores,

Um esclarecimento: a moderação dos comentários não foi intencional. Deveu-se unicamente a incompetência técnica da minha parte. Felizmente, nem o sotto voce, nem a mesa azul alguma vez foram alvo de comentários ofensivos ou indesejados por qualquer outro motivo. Assim, todos os comentários (não intencionalmente idiotas) são bem vindos. Agradeço ao anonymous (será que anonymous não deveria vir com letra maiúscula? Afinal, devia ser considerado como nome próprio nos casos em que substitui a assinatura do próprio) pelo simpático e compreensivo comentário, mas será que um blogue só faz mesmo sentido se tiver um certo grau de actividade inteligente por parte do leitor? E como avaliar essa actividade inteligente? Não será mais simples desmontar o raciocínio do sentido de um blog a um simples e certeiro prazer da leitura? Falhar é próprio do ser humano e uma característica que, não só deve ser aceite, como mesmo acarinhada, pois é através dela que crescemos, evoluimos e aprendemos a nos conhecer melhor. E, sendo eu própria, a editora, perita em exercer esse direito de falhar e disparatar, onde poderia encontrar a moral para restringir isso aos outros?

Posto isto, declaro formalmente a abertura formal dos comentários sem censura, K.

Friday, December 09, 2005

dia 48. post 1

«E com este labor e este pranto dos pobres, meu Príncipe, se edifica a abundância da Cidade! Ei-la agora coberta de moradas em que eles não se abrigam; armazenada de estofos em que eles não se agasalham, abarrotada de alimentos, com que eles não se saciam! Para eles só a neve, quando a neve cai, e entorpece e sepulta as criancinhas aninhadas pelos bancos das praças ou sob os arcos das pontes de Paris... A neve cai, muda e branca na treva: as criancinhas gelam nos seus trapos: e a polícia, em torno, ronda atenta para que não seja perturbado o tépido sono daqueles que amam a neve, para patinar nos lagos do Bosque de Bolonha com peliças de três mil francos. Para quê, meu Jacinto?
(...)
Há mãos regeladas que se estendem, e beiços sumidos que agradecem o dom magnânimo de um sou - para que os Efrains tenham dez milhões no Banco de França, se aqueçam à chama rica da lenha aromática, e surtam de colares de safiras as suas concubinas, netas dos duques de Atenas. E um povo chora de fome, e da fome dos seus pequeninos - para que os Jacinto, debiquem, bocejando, sobre pratos de Saxe, morangos gelados em champanhe e avivados de um fio de éter!»


[A cidade e as serras, 1901 - Eça de Queiroz]

Tuesday, December 06, 2005

dia 47. post 2

Autumn Dream - # 1
[Road and trees, 1962 - Edward Hopper]

Monday, December 05, 2005

dia 47. post 1

Marimba, 30.1.73 (ainda sobre o mesmo - dia 43. post 3. the return)

Mas, mais importante, há um homem que escreve porque, no fundo, não quer fazer outra coisa.

Vontade? Ou Necessidade? Eu penso que escrevia, não porque o desejasse, mas porque era a única coisa que lhe restava fazer, no meio do inferno circundante; porque era a única coisa que ainda o prendia àquilo que ele amava: Ela, sim; mas também toda uma vida que tinha deixado para trás e que que lhe parecia, a cada dia, mais e mais distante.

Romântico, também. Mas como todos os amores o são. Ou não? A grande beleza do livro - na forma como eu o vejo - está antes na forma despojada como é real. E é. real. Não tem medo de se repetir, não é trabalhado para agradar a 1000, mas apenas a 1 (uma). não tem revisões nem adereços inúteis. não tem contornos literários (minto: tem, sim, inevitavelmente: mas poucos e espontâneos).
No final, é o que é. E é um homem (somente um homem. ponto. não um escritor, nem um médico. mas um homem. ponto. com letra minúscula como um verdadeiro homem qualquer. longe da mulher e da filha to be/just been. a sofrer com o medo, as privações, a solidão, a fraqueza. E um amor. como todos os outros. como todos os outros. como qualquer um. como nenhum.

haverá algo mais real? haverá algo mais belo?

dia 46. post 5

tradições

ele gostava de Mozart, Beethoven, Wagner e Bach e dos clássicos em geral.
Mas clássico clássico, para M., era descer a Rua Garrett, no dia 24, e chorar baixinho ao som das músicas de Natal.

dia 46. post 4

by the way
.......................................................................................
passei (passou ele, diga-se) a barreira dos 100 posts. o que raio isso significa ou que consequências (se algumas) daí podem advir....? who cares.

dia 46. post 3

filomena/o para nosso pesar

é mais por aí, é...
(do meu homónimo masculino, Mr. K)

dia 46. post 2

no comments

dia 46. post 1

«Do outro prato só compreendi que continha frangos e túbaras. Depois saboreariam aqueles senhores um filete de veado, macerado em Xerez, com geleia de noz. E por sobremesa simplesmente laranjas geladas em éter.
- Em éter, Jacinto?
O meu amigo hesitou, esboçou com os dedos a ondulação de um aroma que se evola.
- É novo...Parece que o éter desenvolve, faz aflorar a alma das frutas...
Curvei a cabeça ignara, murmurei nas minhas profundidades:
- Eis a civilização!
E, descendo os Campos Elísios, encolhido no paletó, a cogitar neste prato simbólico, considerava a rudeza e o atolado atraso da minha Guiães, onde desde séculos a alma das laranjas permanece ignorada e desaproveitada denro dos gomos sumarentos, por todos aqules pomares que ensombram e perfumam o vale, da Roqueirinha a Sandofim! Agora porém, bendito Deus, na convivência de um tão grande iniciado como Jacinto, eu compreenderia todas as finuras e todos os poderes da Civilização.»

[A cidade e as serras, 1901 - Eça de Queiroz]