Monday, December 05, 2005

dia 47. post 1

Marimba, 30.1.73 (ainda sobre o mesmo - dia 43. post 3. the return)

Mas, mais importante, há um homem que escreve porque, no fundo, não quer fazer outra coisa.

Vontade? Ou Necessidade? Eu penso que escrevia, não porque o desejasse, mas porque era a única coisa que lhe restava fazer, no meio do inferno circundante; porque era a única coisa que ainda o prendia àquilo que ele amava: Ela, sim; mas também toda uma vida que tinha deixado para trás e que que lhe parecia, a cada dia, mais e mais distante.

Romântico, também. Mas como todos os amores o são. Ou não? A grande beleza do livro - na forma como eu o vejo - está antes na forma despojada como é real. E é. real. Não tem medo de se repetir, não é trabalhado para agradar a 1000, mas apenas a 1 (uma). não tem revisões nem adereços inúteis. não tem contornos literários (minto: tem, sim, inevitavelmente: mas poucos e espontâneos).
No final, é o que é. E é um homem (somente um homem. ponto. não um escritor, nem um médico. mas um homem. ponto. com letra minúscula como um verdadeiro homem qualquer. longe da mulher e da filha to be/just been. a sofrer com o medo, as privações, a solidão, a fraqueza. E um amor. como todos os outros. como todos os outros. como qualquer um. como nenhum.

haverá algo mais real? haverá algo mais belo?